Algo se terá extraviado como a noite num caminho anunciado, cautelosamente, entre mutismos e ausências. Nos solavancos da vida, soltam-se os dedos lentamente, acautelando as dores das vagas que se lançam impiedosas contra as rochas.
A alma desfaz-se no areal seco, buscando, esgravatando, incessante, tempo fora, de frente para o mar o olhar que a seguia, atenuando o crepúsculo que tudo reveste agora de uma negrura sem tamanho.
Todos os relógios se cansaram da delonga e os dias esbarram num vazio onde o tempo se esfumou, ensurdecedor e gélido, sem um aconchego que o conforte. Apenas as copas das árvores resistem balouçando alheias nas noites frias.
Querida lagartixa:
ResponderEliminarFoste tu quem me fez voltar!Venho passo a passo, lentamente, coisa que não é normal em mim. Eu entro, quase sempre de rompante! Não deve estar certo. Não podemos entrar de rompante en todo o lado. Há coisas que têm que ser vistas e espreitadas em bicos de pés, por cima dos ombros de gente crescida para lhes dar tempo, às coisas de se lembrarem de que são e de quem nós somos. Espera aí...
A história é comprida,mas vou deixar-te só um bocadinho. É uma coisa de palavras, mas tem algo a ver com isto que eu escrevi. É esta coisa que acaba com todos os vazios.
"...E pôs-se a olhar cada vez com mais atenção e cada vez mais baixo. E o que viu deixou-a muda de espanto. As palavras corriam todas a uma velocidade estonteante, deixando uma para trás. Coitadinha da palavra! Lilibeth teve tanta pena dela que a tentou segurar nas mãos. Mal lhe tocou desfez-se, deixando-lhe na mão um monte de cristais azuis.” Querem ver que as palavras são azuis e são feitas de cristais?”. Pensou e fechou a mão. Mal fechou a mão, teve que a abrir imediatamente porque algo lhe estava a fazer uma comichão dos diabos. Lilibeth! Era a palavra que estava na sua mão. Foi só isso que descobriu. E foi o suficiente para entender que as palavras andavam todas à volta do seu nome. Era ela quem as inventava, quem lhes dava força e as fazia andar naquela correria louca. Cada pessoa é um mundo cheio de palavras novas. O que é preciso é ver!"
08-08-2010
Isabel Vieira
Lilibeth é nome de borboleta. As asas das borboletas enchem-nos os olhos de sonhos.
EliminarLagartixa, o 1º parágrafo do texto está cheio de lapsos. Estou com uma dor de cabeça incrível. Quando não tenho dores de cabeça, tenho destes lapsos e outros ainda piores. Desculpa!
ResponderEliminarBeijinhos
Virei, mais tarde, para te comentar... Vou indo devagar, em bicos de pés!
Isabel
O coração não tem lapsos. As mãos por vezes não sabem acompanhá-lo. Não conseguem, falta-lhes ser coração e ouvidos para escutar os sussuros e os barulhinhos às vezes quase imperceptíveis, outras o seu vozeirão quando grita. Mas o coração não tem lapsos.
EliminarQuero a história toda. Partilhas comigo?
Indo e vindo. Não é só indo! Quem vai pode nunca mais voltar! E eu queria voltar... Voltar com o teu nome enrolado nas mãos. Tu mereces! E eu gosto de ti!
ResponderEliminarEntramos como entramos e depois descobrimos como permenecer. Às vezes é preciso sair para descobrir que queremos voltar. E voltamos. Voltamos como sentimos que queremos voltar. Cada regresso é um regresso com existência própria.
ResponderEliminarAguaradaremos o tempo que for preciso aguardar...
Sim, aguardaremos o tempo que for preciso. O tempo não é igual para todos. Só espero que tenhas paciência com as minhas demoras.
ResponderEliminarAs tuas demoras não são demoras, são o teu tempo, o momento certo. Há esperas que moem, outras que se deliciam na expectativa.
EliminarBeijos