Aos poucos tudo se ia em seu redor. As pessoas, o espaço, os recantos onde se refugiava e defendia. Não tinha nada, quem olhasse por si, a protejesse num abraço quando as noites e os dias se confundiam e demoravam nos pavores que caiam sobre si.
Entraram por ali adentro. Devassaram o seu mundo. O seu reduto, a sua paz. Arrancaram-lhe todas as peças de roupa que a cobriam lá fora e o que viram de si, desnudada, jamais compreenderão. Nem assim a conhecerão, se aproximarão. Violaram-lhe a alma, gratuitamente, num gesto brutal, premeditado, espezinhando a sua intimidade.
Não sabia descrever o que sintia. Julgava não se ter permitido ainda sentir coisa alguma, senão um asco que há dias lhe estraçalhava o sono em constantes pesadelos. Não havia o que a deixasse descansar.
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