Doem-lhe apenas os primeiros instantes enquanto se situa. Olha em seu redor e, lentamente, desvenda onde se encontra. Todos os objectos lhe são familiares. Levanta-se ainda aturdida. As lágrimas a querer anunciar-se. Trava-as. Recusa-se a soltá-las. Não tem razões para aquele pranto.
Um comprimido em jejum. Abre a porta à cadela. Uma doidivanas que não quer dormir dentro de casa. Ela sente que as noites estão ainda um tanto frias e tenta que a bicha não permaneça ao relento. Não consegue convencê-la. Deixa-a ir.
Bebe um copo de leite e a cadela, junto a si, beija-lhe os pés. Afaga-a. Aguarda que lhe lamba o nariz em sinal de cumprimento. Um ritual que há meses se repete.
Sai e fecha a porta. Entra na casa de banho. Abre a janela. Acende um cigarro. Mais um comprimido branco. Acaba o cigarro, passa ao comprimido cor-de-rosa e sabe que sairá do banho já sem dores, nem lágrimas. Está pronta para a vida.
Só agora liga o PC. Não tem a urgência de outros tempos.
Nada será como foi antes. Contudo, já não o era antes do antes. Os seus dias passam-se acalmando os momentos, gerindo as pílulas cor-de-rosa quando o estômago se contrai, sossegando saudades, esquecendo gente, varrendo dores, buscando saídas. Não se pode viver pendurado no que foi. Se foi, deixou de o ser. Não busca razões. Para que as quereria? Não alterariam em nada aquilo que sente e constata. Não está nas suas mãos. Quer seguir em frente. Conta as horas. Ainda conta as horas. Em breve deixará de o fazer sem dar por isso.
O tempo comanda tudo em seu redor. A sua existência está suspensa, no presente estagnado, num futuro inesperado.
Um comprimido em jejum. Abre a porta à cadela. Uma doidivanas que não quer dormir dentro de casa. Ela sente que as noites estão ainda um tanto frias e tenta que a bicha não permaneça ao relento. Não consegue convencê-la. Deixa-a ir.
Bebe um copo de leite e a cadela, junto a si, beija-lhe os pés. Afaga-a. Aguarda que lhe lamba o nariz em sinal de cumprimento. Um ritual que há meses se repete.
Sai e fecha a porta. Entra na casa de banho. Abre a janela. Acende um cigarro. Mais um comprimido branco. Acaba o cigarro, passa ao comprimido cor-de-rosa e sabe que sairá do banho já sem dores, nem lágrimas. Está pronta para a vida.
Só agora liga o PC. Não tem a urgência de outros tempos.
Nada será como foi antes. Contudo, já não o era antes do antes. Os seus dias passam-se acalmando os momentos, gerindo as pílulas cor-de-rosa quando o estômago se contrai, sossegando saudades, esquecendo gente, varrendo dores, buscando saídas. Não se pode viver pendurado no que foi. Se foi, deixou de o ser. Não busca razões. Para que as quereria? Não alterariam em nada aquilo que sente e constata. Não está nas suas mãos. Quer seguir em frente. Conta as horas. Ainda conta as horas. Em breve deixará de o fazer sem dar por isso.
O tempo comanda tudo em seu redor. A sua existência está suspensa, no presente estagnado, num futuro inesperado.
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