Deixo todas as janelas abertas. Escancaradas. Nunca as fecho, mesmo que faça um frio de rachar, não vá alguém querer assomar-se. Espreito de longe, para não gelar. Oiço todos os movimentos, os passos, e procuro adivinhar de onde vêm, o seu destino. Conheço já o ladrar dos cães. As horas a que se agitam, o que lhes solta os vozeirões. Oiço os gatos, distingo-lhes os miados quando pedem que lhes abram a porta, quando se engalfinham e acabam em bulhas. Conto os dias do silêncio. E fico à espera que me cheguem notícias, alguma novidade, uma história nova que me encha as horas ocas na surdez do Inverno gélido.
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