quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sem título

Apenas a visitei uma vez. Mais de um ano depois. Não sei sequer por que o fiz. Julgo que quis ver como era o local onde descansava. Apenas me recordava vagamente de um buraco e do som quando lhe atiraram para cima umas pazadas de terra. Não me lembro de mais nada. Tenho uma ideia muito vaga de me ter distraído a meio do caminho e de terem que me chamar para me ir juntar ao meu pai e os meus irmãos, como se fizesse grande diferença para ela eu estar em frente do buraco ou não quando a puseram lá dentro, como se isso mudasse alguma coisa.
Um dia fui a Lisboa, comprei uma rosa branca e pus-me à sua procura. Nunca mais lá voltei. Não me recordo o que senti quando vi a lápide. Muito sóbria. O seu nome, data de nascimento e de morte. Cinzenta, julgo. De resto tudo era verde, parecia um jardim, até um lago com patos lá havia. Pousei a rosa e virei costas.
Não deixei lá a minha mãe abandonada porque também nunca ali a pus. A única coisa que lá ficou foi uma rosa branca.

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