Olhava para o retrato dele.
Acontecia-lhe muitas vezes ter saudades do seu rosto. Detinha-se nos seus olhos, diziam-lhe tanto, inspiram-lhe tantas sensações, tantos desejos, tantas saudades. Perdia-se nas recordações.
E voltava a olhar para ele. E perguntava para si: "Quem é ele? Gosto dos teus olhos" - pensava. E voltava a questionar-se: "Seriam dele aqueles olhos que tanto de amor lhe falaram? E a boca? Gostava daquela boca. Conhecia de cor as palavras que ela tinha proferido e perguntava novamente se teria sido dela que saíram tantos beijos enviados? Céus, que boca!
Queria-o junto dela, cada gesto. Queria voltar a ouvir e a sentir cada palavra, cada frase que lhe dissera, cada sensação que as imagens por ele criadas lhe haviam provocado.
E voltava a olhar para o seu retrato. E voltava a olhar para os seus olhos. E voltava a fixá-los e invadia-a uma profunda saudade, não dele, que já não reconhecia, mas do rosto do retrato. Seria a mesma pessoa?
E olhava novamente para ele, procurava as suas mãos, colocava-as no seu rosto, uma de cada lado. Fechava os olhos e conseguia sentir aquelas mãos que tanta coisa lhe haviam despertado. Deixava-se ficar assim por um instante. Aquilo reconfortava-a, acalmava-a. Os pensamentos sossegavam. Abria os olhos, enchia o peito de ar e seguia em frente!
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