terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Onde foram parar os sonhos?

Decidira um dia regressar à terra onde crescera. Abandonava a grande cidade que a tornara mulher. Deixava para trás solidões e correrias, onde nunca encontrara o aconchego do lar no regresso dos dias longos entre rostos desconhecidos, indifereentes. Aprendera a vida, a dureza dos Invernos gélidos.
Corria agora para o canto onde a aguardariam os abraços e as lembranças dos dias repletos de emoções e aventuras, as travessuras de quem cresce solto pelas ruas. Atulhava as malas com a urgência de quem não pode mais suportar a estranheza que os anos não acalmaram, as correrias constantes e azáfamas que não conduziam já a lugar algum. Carregava o carro com alívio, de olhos cheios de recomeços e acelerava estrada fora perseguindo as vozes que a chamavam para junto de si.
Jamais previra que os dias que encontraria lhe deixaraiam o olhar baço e os sonhos derramados pelo chão.

8 comentários:

  1. Esta o Anãozinho iria adorar ter escrito....
    Não há maior desgraça que fazer castelos de retorno só para ver que seus planos estavam errados...

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    1. Depois construímos outros....nem que seja dentro de nós.
      O Anãozinho vai mais fundo com menos palavras. Tudo se resume numa frase. É de génio!

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  2. Não sei o que dizer sobree o título? Acho que não faço perguntas dessas. Já passei essa fase. Agora falo dos sonhos dos outros, como ponte assente. Olho Vivo, lembraste do meu " Apregoador de sonhos!" Talvez eu me esconda nos sonhos dos outros. Quem sabe?
    Agora que este texto está muito bonito, não tenho dúvidas! E não só. É um texto pequeno, onde tudo acontece continuamente. Nada se interrompe para que um sentimento dê lugar a outro. E depois o final, como que a contradizer os planos dela. Há sempre alguma coisa que aparece pelo meio e que nos surpreende...

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    1. Os sonhos não cessam. São como respirar. Podem andar dentro de nós, imperceptíveis, mas quando nos levantamos da cama, diariamente, são eles que nos erguem ou não teríamos forças para o fazer.
      Quando julgas que não tens sonhos é porque eles estão escondidos dentro de ti. Manifestam-se depois no que escreves e dizes, quando regas as tuas árvores, quando passeias pelo campo.
      Talvez lhes possamos chamar alma, ou o pulmão da alma.
      Beijos.

      Regresso em breve.

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    2. Já não era sem tempo! Fazes falta em todo o lado!... O Olho Vivo tem, no blog dele, algo sobre o ser insubstituível! Eu não digo que sejamos insubstituíveis àquele ponto, mas que somos únicos e que também rasamos, de certa forma, essa insubstituição, é uma verdade. Também é assim que eu te vejo!
      Desanda a deixar umas "mijarradas" no anãozinho...

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  3. Retira o 1º ponto de interrogação e corrige os erros ortográficos. Sou uma máquina que não pensa no fim do trabalho feito. Ou, então, pensa demais e pensa errado, a maior parte das vezes. Sou assim! Vou morrer assim!

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    1. Ofereço-te um lindo caixão cheinho de folhas secas avermelhadas, de amendoeira...

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    2. Beijos Hesseherre. Folhas secas não respiram já. Um caixão pode ser um sítio confortável para descansar como qualquer outro, mas precisa de folhas "frescas" respirando paz e exalando calor e conforto.
      Beijinhos

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