Conserve-se o manto que cobre o mundo, "o lugar da eternidade" encontrado.
Identificara o momento exacto da fuga, o dia e a hora. Esperara-a, adivinhara-a, escrevera-a até, há muito, como um presságio rasgando um sonho que logo se faz por esquecer. Sabia que não haveria remorsos, não poderia haver.
Contrariara o "fim da solidão" para que pudesse perdoar-se. A puerícia não lhe permitiria alcançar o seu próprio perdão sem que as palavras brotassem desnudando o silêncio revelador, os gestos retraídos, os esquecimentos. Como se o mar não fosse mar sem salpicos e o marulhar abafasse as palavras.
Lia e relia sem a firmeza de compreender todas as palavras que deslizavam nos olhos, penetrando a pele, contraindo o coração que quase pensava estacar. Compreendia porém o essencial, tudo o que precisava saber para prosseguir sem noites estremecendo, os serões distantes que faziam as horas correr, sem dias vagos de incertezas, esperando e esperando que tudo de negro se vestisse para que a luz entrasse nos seus redutos e uma flor nascesse no peito.
Nos pés nus, os jorros de verdades que os olhos sempre lestos (miseráveis olhos!) antecipavam. Faziam-no a toda a hora. E ela esperava até que chegasse a derrocada, recusando evidências, aguardando, na esperança de um engano, o confronto inevitável, a materialização, factos concretos, para que pudesse acatar verdades irrefutáveis. Antes, olhava como se não visse. Sentia sem sentir, vaiava os pensamentos. Até que inequivocamente, taxativamente e, céus quantas vezes abruptamente, lhe lançassem aos pés as transparências para lá das quais enxergara muito antes da chegada das Estações que carregam as tristezas.
Identificara o momento exacto da fuga, o dia e a hora. Esperara-a, adivinhara-a, escrevera-a até, há muito, como um presságio rasgando um sonho que logo se faz por esquecer. Sabia que não haveria remorsos, não poderia haver.
Contrariara o "fim da solidão" para que pudesse perdoar-se. A puerícia não lhe permitiria alcançar o seu próprio perdão sem que as palavras brotassem desnudando o silêncio revelador, os gestos retraídos, os esquecimentos. Como se o mar não fosse mar sem salpicos e o marulhar abafasse as palavras.
Lia e relia sem a firmeza de compreender todas as palavras que deslizavam nos olhos, penetrando a pele, contraindo o coração que quase pensava estacar. Compreendia porém o essencial, tudo o que precisava saber para prosseguir sem noites estremecendo, os serões distantes que faziam as horas correr, sem dias vagos de incertezas, esperando e esperando que tudo de negro se vestisse para que a luz entrasse nos seus redutos e uma flor nascesse no peito.
Nos pés nus, os jorros de verdades que os olhos sempre lestos (miseráveis olhos!) antecipavam. Faziam-no a toda a hora. E ela esperava até que chegasse a derrocada, recusando evidências, aguardando, na esperança de um engano, o confronto inevitável, a materialização, factos concretos, para que pudesse acatar verdades irrefutáveis. Antes, olhava como se não visse. Sentia sem sentir, vaiava os pensamentos. Até que inequivocamente, taxativamente e, céus quantas vezes abruptamente, lhe lançassem aos pés as transparências para lá das quais enxergara muito antes da chegada das Estações que carregam as tristezas.
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