sábado, 12 de maio de 2012

Um dia...Talvez!

Escrever para quê? Escrever o quê se nada há a revelar?
Não há ventos que me toquem ou agitem. Nada me move. Deparei-me com o instante da indiferença de tanto que busquei e me fugiu. Sigo cansada, despojada dos afectos lançados sem retorno. Seca. Perdeu-se no desprezo dos anos a lembrança da cor dos beijos, o calor de um abraço, o som de uma palavra terna, o contacto dos corpos no amor.
Desencontrei-me dos sonhos. Cavalgo para lugar nenhum, sem dores nem desilusões nem expectativas que fui largando nos caminhos desbravados. Cruzo os braços, sentada num penhasco, e assisto distante, impávida, ao acontecer dos dias. Não trago dores, nem brilho no olhar.
Nada vislumbro ou escuto ao meu redor. Os silêncios nada são, nada revelam e não os perscruto, nem busco escutá-los.
Não houve quem se aproximasse ou permanecesse, olhando-me sempre com cautelas e distâncias, cavando fossos intransponíveis, deixando-me para trás nas vidas cheias. A minha compreensão não tem limites, o meu entendimento é infinito, interminável como a solidão que acalmei na indiferença de incontáveis dias que passo sem cruzar um rosto amigo ou escutar uma voz para além da minha.
Escrevi o que era e o que fui, procurei-me, escavei o passado, desenterrei mágoas, busquei sentidos e achei-me no instante em que as palavras deixam de ter utilidade.

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