Um acto treslocado

Viva o mundo e a vida,
Viva o Sol, os cantores, os poetas e escritores
Até Musil!
Os pintores, escultores, compositores
Viva Rodin, viva Chopin
E Ela também, porque não?
As Gaivotas
E viva Ele também!
Vivam as portas abertas, vivam as portas fechadas,
Vivam os adeus e os olás
Vivam as Caras e as Queridas
Vivam os beijos e os abraços, os desejos e anseios,
mimos e ódios
Vivam as paixões e os amores, as teimosias e os medos
Vivam as raposas e as flores que escondem tantas dores
E viva o que se viveu, viva o que se perdeu, o que se viverá e tanto que escapará
Viva o que nunca se disse e nunca se dirá
E viva eu que sou feliz!
Vivam as interrogações, as hesitações, as palavras que se calhar não perdi!
(só porque gostei de ti!)
Vivam as penas e as folhas
Os cansaços e a vida aos pedaços
Viva o banho inspirador, os ventos que nos levam e os mares que nos afastam
As gargalhadas que aquecem, as lágrimas que entristecem, os dias que se esquecem
Viva o coração que rebenta, a angústia que atormenta
Vivam as inquietações,
Vivam as recordações
E um anjo que voou
Vivam as mãos que não se deram mas que de tanto falaram e os corpos que tocaram
Os olhares que se trocaram mas nunca se encontraram
E eu e eu e eu e eu e eu que me perdi,
E viva tu também quem nunca possuí
E a minha mãe que me pariu
E viva também quem partiu...