Há palavras que nos degradam. Andámos presos nas palavras que nos foram acorrentando quando nos encheram dia após dia de censuras. Fomos seguindo agrilhoados, curvados sob o peso. Deixámo-nos ficar cativos e encolhidos como se carregássemos culpas.
Ninguém nos falou de nós para que nos pensássemos. Para que gostássemos de nos ouvirmos, de nos sentirmos, de nos vermos.
Fomos seguindo, tentando que nada nos detivesse nos momentos. Não parámos. Não falámos. Não reflectimos, esquecidos. Olhámo-nos, toda a vida, de fugida, espreitando entre as abertas enevoadas do espelho embaciado. Não nos quisémos ver. Não quisémos que nos vissem.
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