Queria escrever mas não posso. Não encontro o que me mova. Não me agito nem me aborreço na indolência dos dedos.
As palavras correm na tristeza que não tenho. Brotam do amor que não sinto, da música que não me toca, das sensações entorpecidas. Da saudade que perdi e não me dói.
As horas desfilam tranquilas, lânguidas, na indiferença dos dias. Vou dormitando ao sol no doce embalo da brisa que anuncia a Primavera. O silêncio que paira em meu redor nasce das vozes que o tempo calou, e eu sorrio.
Não escrevo, nem me escuto. Nada questiono e, contudo, agradam-me estas horas insípidas em que espero sem sobressaltos a noite, talvez como quem espera o amante na certeza que virá, para me tomar nos seus braços onde me largo e descanso destes dias estendidos.
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