Um dia destes morrerei, inevitavelmente. E pouco me importa. Apenas o sangue do meu sangue me faz viver e vivo com paixão, intensamente, arrebatadamente. Amo o que me rodeia. Derramo o meu amor por todo o lado. Deixo um pouco dele em tudo o que toco porque não está nas minhas mãos ser de outra forma e, por isso, talvez, me canse da vida.
Não quero que me vejam morta. Os mortos assustam-me, metem-me medo. Não quero que tenham medo de mim. Quero que me recordem sorridente porque rio constantemente. Quero que se lembrem das minhas gargalhadas, das minhas brincadeiras, dos disparates que digo a toda a hora. O meu ar grave e sério levo-o comigo para o forno e lá nos tornaremos cinza; não quero deixá-lo por cá. Levo também a minha alma, partida.
Não quero ninguém no meu funeral. Proíbo todos de lá irem e me cobrirem de flores.
Ai de quem chore. Não quero as vossas lágrimas derramadas no meu sono. Quero dormir, profunda e tranquilamente com o mesmo ar calmo e alegre que trago todos os dias, sem que a vossa dor o perturbe.
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