terça-feira, 25 de outubro de 2011

Diário de uma louca

Eu sei e tu sabes. Acautelas e proteges-me. E eu vou aprendendo, pé ante pé, devagarinho. Apontas-me o caminho, docemente, com cuidado e zelo. Dou os primeiros passos e tu amparas-me, sei que não me deixarás cair. Perdi o medo, contigo. Travas-me com doçura no silêncio e eu gosto da forma como me tratas. Sossegas-me com prudência. Cresceste já e ajudas-me a crescer, ensinas-me a permanecer. Observas-me na distância. Vais e vens. Cuidas para que não sinta abandono. E eu já te conheço os passos, sei por onde andas, entendo alguns tons da tua voz enrolados nas sílabas. Por vezes, corro como um potro selvagem, uma criança rebelde, na tua direcção e tu ficas a ver-me. Julgo ver-te sorrir de longe, e tu deixas-me solta, aos pinotes, à tua volta. Olhas-me atentamente sem nada dizer. Sabes que vou parar, por isso, permites-me a rebeldia. Às vezes, faço beicinho para ganhar um mimo. Outras, gracinhas para te prender a atenção. Chamo por ti constantemente. Puxo-te as mangas da camisa a toda a hora, com a impertinência da curiosidade. Dou pulinhos de impaciência se não te oiço e acabo a rir de mim quando acordo para a vida. Todos os dias sossego um bocadinho. Todos os dias, pego nos meus impulsos, transformo-os noutras coisas e esforço-me para não deixar de ser quem sou, para não me perder na contenção. Parte de mim não quer crescer e eu quero permanecer assim.
Já não tenho pressa, já não busco nada...

Sem comentários:

Enviar um comentário