Seremos sensatos ou cobardes?
Quando alguma vez esbarramos com um sonho, uma vontade, um desejo, uma qualquer oportunidade de sermos felizes que mais não seja por um instante, umas horas, um único dia, e nos pomos a pensar, repensar, pesando tudo, os prós, os contras, os "ses" e os senãos, os antes e os depois, seremos sensatos ou cobardes?
Com tanta aferição, tanta ponderação, tanta contabilidade, na certa não saímos do mesmo lugar. Nunca arriscamos, manter-nos-emos prudentemente sentados à sombra da vida que criámos, da segurança que julgamos ter.
Se tivéssemos coragem de nos lançar de cabeça, viver aquele momento com a intensidade que nos levou a desejá-lo, o que nos aconteceria? Íamos, vivíamos, voltávamos e essa felicidade ninguém no-la poderia nunca tirar. E depois? Depois, sei lá. Depois seria depois. Antes do depois está o agora. De que me serve o depois se não vivi o agora? Quem me diz que haveria um depois? O depois começaria no momento em que acabasse o agora. O depois seria o gozo que me deu aquele momento; as recordações que ficariam, a felicidade que talvez nenhuma outra igualasse.
O depois do depois seria sentarmo-nos, um dia, com o nosso baú das recordações no colo, a relembrar, com um sorriso e o coração agitado, tudo aquilo que lá guardámos porque nos fez felizes.
A prudência e o medo talvez nos deixem o baú vazio.
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