domingo, 24 de julho de 2011

Diário de uma louca

Se eu tivesse um amor talvez lhe dissesse...
Deita-te aqui ao meu lado, põe a cabeça na minha almofada, dá-me a tua mão e escuta, sem que te diga nada, apenas a minha mão na tua. Sente os meus dedos nos teus e ouvirás o que te dizem, como a nossa pele comunica: quero que fiques para sempre na minha vida. Quero guardar todas as palavras que me dizes. Que disparate! Não preciso de as guardar porque fazem já parte de mim. Tu és a minha pele, o meu cheiro, as minhas mãos, os meus dedos, olhos e ouvidos, todos os meus sentidos, pensamentos, sentimentos, lágrimas e gargalhadas. Através de ti e contigo sinto, escuto e vejo. Eu serei aquilo que fizeres de mim.
As tuas palavras estão em mim como a pele que me veste. Não posso despir-me delas, não posso travar a corrente. Tu estás em mim como o sangue que me percorre.
Amo-te em todas as horas dos meus dias. Amo-te de manhã, amo-te à tarde, amo-te à noite, enquanto durmo, enquanto sonho. Tu és eu e eu sou tu. Corres nas minhas veias, alimentas este meu corpo e fazes bater o meu coração. O eu e o tu não podem separar-se porque a noite não existe sem o dia, as estrelas sem o céu, o oceano sem peixes, nem o mar sem ondas.
Tu és pássaro e eu sou pássaro. Tu és Chopin, és Albinoni, és Garou, és o sol, a chuva, o frio, a calma, a agonia, as lágrimas, os sorrisos, a dor, a fome, a sede, o sal que ponho na comida, a roupa que visto. És carinho, és afecto, és sentimento, és desejo, és orgasmo, és suor, és cansaço e repouso; és a paz e o desassossego; és olhos nos meus olhos, a tua mão na minha mão, os nossos dedos que se tocam, os cheiros que se misturam; és boca, lábios e dentes que mordiscam outros lábios que se beijam com paixão, com ternura e carinho.
E eu não existo já sem ti e tu não existes sem mim. Para onde quer que as tuas asas te levem, eu irei sempre contigo. Eu sou as penas que te cobrem, as asas que te fazem voar, estou no bico que te alimenta e no vento que te leva. Estarei, até ao final dos teus dias, nos teus olhos, no teu ventre, nos pés que te conduzem, nas mãos que usas para escrever, na tua voz, no teu sono e nos teus sonhos.

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